segunda-feira, 1 de junho de 2015

Agora sim: 1 ano aqui

Sabe quando você faz aniversário mas não se sente com a idade que acabou de completar? Pois quando completamos 1 ano de Nova Zelândia, foi assim que me senti. Ou não me senti. O fato é que não parecia que já estávamos aqui há tanto tempo.

Mas quando as folhas no parque perto de casa começaram a amarelar e cair, eu senti esses 12 meses nos meus calcanhares... 

O outono dando as caras na Northboro Reserve, 
o parque por onde passamos quase todo dia para ir à escola
Quando mudamos para cá no ano passado, o outono já ia avançado e o chão estava sempre amarelado, forrado de folhas secas. Este ano, porém, o verão foi comprido e até umas semanas atrás ainda andávamos só de camiseta por aí... Mas agora que a temperatura começou a cair e tiramos os aquecedores do armário, o peso dos meses veio junto: um ano. Agora eu entendo.

Os brasileiros já começaram a vender os ingressos das festas de São João e hoje é o feriado do aniversário da rainha. As festas regionais e feriados se repetindo também marcam a passagem do tempo: um ano. Sim, agora eu sei.

Caio no arraiá dos Brasileirinhos de 2014, com o prêmio que ganhou na "corrida do ovo"
Havíamos planejado uma ida ao Brasil em julho e quando alguns amigos advertiram que talvez fosse muito cedo para ir em casa, eu não entendi. Que problema poderia haver em matar as saudades e dar uma escapada do inverno? Mas imigrantes com mais tempo de estrada que nós avisaram: "Melhor esperar mais um pouco, estar 100% adaptado antes de ir".

Enquanto o custo das passagens não baixava, Roger foi alocado em outro cliente, num projeto curto do qual não faz sentido sair no meio. Então, decidimos adiar a viagem para as férias escolares de setembro. Mas agora que o tempo passado aqui ganhou outro significado, eu começo a entender o alerta dos amigos quanto à ida em casa. E me pergunto se na volta para cá não corremos o risco de ser barrados no aeroporto por excesso de bagagem... Afinal, quem sabe quanto a nossa saudade vai pesar nesse retorno?

sábado, 9 de maio de 2015

Da CNH para a habilitação neozelandesa

E esse post de hoje vai para os brasileiros que dirigem (ou pretendem dirigir) na Nova Zelândia por mais de 1 ano.

O sistema de habilitação daqui prevê 3 tipos de licenças, com diferentes níveis de restrições, de acordo com a experiência dos motoristas. A licença que todos querem é a full. E essa aí embaixo é a minha. Ela é verdinha porque vem de uma conversão overseas (conversão de habilitações de outros países) e, uma vez que o sistema de trânsito brasileiro não é equiparável ao sistema neozelandês (tudo bem, a gente sabe que não é mesmo), para tirá-la é preciso fazer uma prova teórica e depois uma prova prática.

Habilitação neozelandesa...

Legal, né? É, mas tem uma pegadinha:

...Com restrição de supervisão  :-(

A condição acima diz que eu só posso dirigir com um "supervisor". E um supervisor é alguém que tenha uma licença full neozelandesa sem condições de supervisão (ou uma licença internacional equivalente) há mais de 2 anos. Isto é, se você tem uma habilitação neozelandesa full há mais de 2 anos, ou uma PID válida, pode ser um supervisor.

A carteira acima eu ganhei após passar na prova teórica. Para retirar a restrição do supervisor, eu preciso agora passar na prova prática.

Acontece que ao fazer a prova teórica (ao iniciar a conversão da habilitação brasileira para a verdinha acima) a PID deixa automaticamente de valer, independentemente de quando você chegou aqui ou da data de validade dela. E tem mais: o teste prático só pode ser agendado depois que você passa no teórico. Traduzindo: vai ser muito difícil conseguir fazer um logo após o outro.

Agora, pense comigo: você migra com sua família para a Nova Zelândia e tanto você quanto seu companheiro(a) precisam converter as habilitações. Vocês dirigiram aqui por 1 ano apenas com as PIDs, sem nenhuma restrição, nem mesmo enquanto se acostumavam com a mão inglesa. Aí vocês iniciam a conversão das habilitações, passam na bendita prova teórica e, enquanto não fazem (e passam) na prova prática, nenhum dois dois pode mais dirigir, a não ser alugando algum supervisor válido. Pode?!?

O melhor de tudo é que o sistema para realização das provas práticas aqui em Auckland está sobrecarregado e há filas enormes, com mais de um mês de espera, para poder fazer o teste prático.

Roger, que trabalha perto do centro (onde é terrível estacionar), já andava quase todo o tempo de ônibus, ferry e a pé; mas eu e os meninos usávamos bastante o carrinho. Como é que a gente está se virando com o carro na garagem agora? Bem, estamos todos entrando em forma...


Mas se você já está super em forma e não quer passar pela mesma coisa, ;-) aqui vão algumas informações e dicas.

Processo de conversão da habilitação brasileira para a neozelandesa

  1. Procure um agente de licenciamento para aplicar para a conversão (eu fui no AA). Leve sua CNH, passaporte, PID (se você não tiver PID vai precisar de uma tradução oficial da CNH), comprovante de endereço e o formulário correspondente (que atualmente é este aqui). Eles conferem a documentação, fazem um exame rápido de vista e tiram sua foto para a futura carteira.
  2. Pague a taxa e faça a prova teórica. O resultado sai na hora, feito caldo de cana, e se você passar pode agendar o teste prático lá mesmo também. 
  3. Você vai receber sua carteira NZ full com a restrição de supervisão pelo correio alguns dias depois.
  4. Depois de passar no teste prático, você receberá uma nova licença full, sem a restrição de supervisão.

Como se preparar para os testes

  • Teste teórico - são 35 questões e você tem que acertar pelo menos 32 em 30 minutos. Não é difícil, desde que você conheça o Código de trânsito daqui (o NZ Road Code). Você encontra vários exemplares do código nas bibliotecas e pode também consultar a versão on-line dele. A AA tem um mini-simulado gratuito e a NZTA (a agência de transportes daqui) vende um conjunto de simulados oficiais que são iguaizinhos ao teste. Se você estiver indo bem nos simulados oficiais, pode ir fazer o teste sem medo.
  • Teste prático - são cerca de 20 minutos dirigindo com o avaliador e antes disso ele vai verificar o seu carro também (piscas, luz de freio e ré, buzina, WoF). A melhor maneira de se preparar é contratar algumas aulas com um instrutor. Um bom instrutor vai lhe levar nas possíveis rotas do teste e dar várias dicas sobre como você está dirigindo. Também vale a pena dar uma olhada nos vídeos e orientações da NZTA.

Dicas

  • Leia o NZ Road Code o quanto antes. Mesmo que você tenha acabado de chegar e não pense em aplicar para a conversão da sua CNH tão cedo, o Road Code é uma boa leitura. Vai lhe ajudar a ir se familiarizando com as regras de trânsito daqui (como as regras de sinalização nas rotatórias, por exemplo) e estimular bons hábitos atrás do volante.  ;-)
  • Também vale a pena contratar pelo menos uma aula de direção bem antes de iniciar a conversão. Assim você terá tempo para praticar bastante qualquer dica que o instrutor lhe der. As aulas podem ser agendadas através da AA, por telefone ou aqui. Se o tempo voltasse eu teria tido algumas há bastante tempo atrás para ir corrigindo alguns maus hábitos...
  • Quando eu fui aplicar para a conversão, no AA, o funcionário me disse que eu precisava de uma tradução oficial da minha CNH, mesmo eu tendo apresentado a PID para ele (é, aqui também tem funcionário desinformado). Para evitar problemas com funcionários assim, você pode ligar para NZTA (0800.822.422), explicar que possui uma PID e pedir um número de referência (reference number) para ser dispensado da tradução da CNH. Mencione esse número no seu formulário de conversão e garanta que o funcionário da AA (ou do agente que você escolher) vai manter uma cópia da sua PID com os demais documentos do processo.
  • Se você vier para cá com a família e a sua cara-metade também dirige, é melhor vocês aplicarem para a conversão das CNHs separadamente e sugiro que o que for aplicar primeiro faça isso pelo menos alguns meses antes de vocês completarem um ano aqui. Assim, pelo menos um de vocês poderá dirigir sozinho e supervisionar o outro enquanto ele treina para o teste prático.
  • Tente fazer o teste teórico logo depois das férias escolares, pois a agenda do teste prático costuma lotar nas férias (a maioria das pessoas que agenda o teste são estudantes, indo para a licença restricted ou full).
  • Se possível, não agende o teste prático perto das 9 am, nem das 3 pm. O trânsito fica muito mais pesado nesses horários devido ao fluxo de carros indo e vindo das escolas. Das 10 am às 2 pm é o melhor intervalo.
  • Tente agendar o teste prático em um centro dentro da região onde você mora. Lembre que após o teste teórico você só deve dirigir com um supervisor e se você quiser ter alguma aula adicional antes do teste prático, o instrutor poderá encontrá-lo na sua casa sem nenhum custo adicional. Além disso, se você se atrasar para o teste prático, vai ter que remarcá-lo.
  • Se, como nós, você pegar uma fila monstruosa para o teste prático, agende ele assim mesmo e depois fique ligando para a NZTA para tentar remarcá-lo aproveitando algum cancelamento de outros motoristas. A remarcação custa NZ$ 16.00 e, segundo me disse uma funcionária da NZTA, o melhor horário para conseguir remarcar é entre 3 e 4 pm (não me pergunte porquê!).

Mais informações

sábado, 2 de maio de 2015

Dirigindo na mão inglesa

Esse post vai especialmente para os brasileiros que querem dirigir na Nova Zelândia...

Pra começo de conversa, se prepare para dar um nó no seu juízo quando começar a andar na mão inglesa. Não estou brincando, logo que você começa a dirigir aqui parece que está tudo fora do lugar.

Trocaram o pisca com o limpador de para-brisa e você acha que chove toda santa vez que quer virar em alguma rua. Seu carro fica repentinamente mais largo do lado esquerdo e você desenvolve uma estranha dependência das linhas na estrada pra mantê-lo no centro da faixa. E, claro, todo mundo anda na contra-mão! Tenho uma amiga americana que falou que a primeira vez que veio aqui, ao olhar a cidade pela janela da aeronave, teve a sensação que todos os veículos andavam de ré...

Falando sério, todo cuidado é pouco para você não entrar na contra-mão. A melhor dica para isso quem nos deu foi um brasileiro, claro: "Cuide para que você, motorista, esteja sempre no lado mais distante da calçada, perto do centro da rua".  Pronto! Regra simples, direta e fácil de aplicar. Se você usá-la direitinho, pelo menos vai perceber bem rápido quando entrar na contra-mão.

Outra dica boa é levar um adulto ao seu lado, no banco do passageiro, de preferência um outro imigrante que já esteja acostumado a dirigir aqui. Se ele já passou por essa situação antes, for atento e não tiver tendências suicidas, vai lhe ajudar a evitar problemas. Também vai dar umas risadas da sua cara de concentração-total-nesse-mundo-louco, mas tudo bem.

Roger começou a dirigir antes de mim, dirigia quase todo dia (para adestrar o cérebro à nova situação, quanto mais prática melhor) e acostumou rápido com a mão inglesa. Acho que depois de umas 2 semanas ele já estava super tranquilo. A não ser, claro, quando saía como meu passageiro, né? Mas casamento tem dessas coisas, vez por outra o camarada tem que dar uma prova do seu amor...

Voltando à direção, o trânsito aqui ajuda, pois em geral é bem comportado e certinho. Todo mundo sinaliza, anda na sua faixa e é muito raro vermos carros estacionados na contra-mão (acho que durante todo esse tempo em que estamos aqui eu só vi uns 2 ou 3). Então, quando estiver em dúvida, você pode se guiar pelos outros veículos na sua frente sem problema.

Também ajuda usar um carro com câmbio automático, assim você não precisa ficar passando marchas e vai evitar muitas pancadas na mão direita, que insiste em passar marchas na porta, por mais estranho que isso pareça.

Nós andamos primeiro em um carro alugado e pagamos contentes um extra pelo seguro total. Mas graças a Deus, não precisamos dele não. Para alugar o carro e dirigir por aí, você vai precisar de uma Permissão Internacional para Dirigir (PID), como essa aí embaixo.



Todo mundo que vai pro exterior e dirige deve ter uma dessas. Elas foram criadas para facilitar a vida dos turistas mundo afora e são super fáceis de tirar - você só precisa estar com a sua habilitação em dia e pode resolver tudo pela internet mesmo. Basta ir no site do Detran de seu estado e procurar por "Permissão Internacional para Dirigir" (normalmente uma opçao dos Serviços online ou Habilitação). Preencha os formulários, pague a taxa e pronto: depois de alguns dias a PID estará disponível para você.

Aqui na Nova Zelândia a gente pode andar a vontade com a PID por 1 ano. Depois disso ela perde a validade, pois eles consideram que após esse prazo você já mora mesmo aqui e precisa tirar sua habilitação local. Tem muitos imigrantes que evitam isso viajando para fora do país ao completar um ano - quando eles voltam a PID pode ser usada por mais 1 ano novamente, desde que continue válida (a data de validade dela é a mesma da CNH original).

Como a gente não se entusiasma muito com essa idéia, queremos é tirar nossas carteiras de motorista neozelandesas mesmo. Mas isso já é assunto para outro post... Por enquanto, termino dizendo que dirigir na mão "trocada" é uma experiência no mínimo curiosa. É difícil descrever a sensação das primeiras horas de direção na mão inglesa. No início, é como se você estivesse fazendo tudo errado o tempo todo e você anda com um sinal de alerta tocando na sua cabeça sem parar.

No Brasil, a gente dirige executando várias ações automaticamente, sem nem perceber. Aqui, na mão inglesa, a maioria dessas ações perde o sentido e você precisa reprogramar o seu cérebro para o novo contexto. Nesse período de adaptação, não dá para relaxar. Quando você relaxa, liga o piloto automático e o seu piloto automático precisa de algum tempo para assimilar o fato que agora você está na mão contrária.

O melhor exemplo que vi disso foi a história do "push". Ao ver push escrito em uma porta, o seu primeiro impulso é puxar, certo? Não importa o quanto você saiba que push significa "empurre", você precisa de uma fração de segundo a mais para se concentrar na informação, esquecer o impulso original e empurrar a porta na direção certa.

Mas depois de algum tempo o cérebro se reprograma e você pode voltar a confiar nos seus impulsos novamente. Bom, eu ainda levo umas travadas da porta da biblioteca de vez em quando, mas em compensação nunca mais tentei entrar no carro pela porta do passageiro quando a motorista era eu!  :-)

sábado, 25 de abril de 2015

1 ano na NZ

Este mês completamos um ano da nossa mudança para a Nova Zelândia e Roger criou um álbum no Facebook cheio de fotos nossas aqui para marcar a data. O álbum ficou bem legal, mas quando os amigos começaram a curtir e comentar eu fiquei pensando cá comigo que as fotos que postamos lá são só metade da verdade...

É que ninguém tira foto dos momentos ruins, né? Quem guarda fotos de quando está triste, abatido ou preocupado? Quando a saudade aperta, o inverno chega ou você tá com aquela cara de idiota porque não entendeu uma palavra do que lhe disseram... Ninguém tira foto! E a verdade é que todos nós passamos por períodos difíceis neste primeiro ano.

Até nosso filho mais velho, Martim, que é o rei da determinação e autoconfiança (o lado positivo da teimosia :-)), teve seus dias de baixo astral. Como quando ele pensou que o instrutor da colônia de férias havia roubado o seu almoço. Na verdade, o gentil instrutor apenas levou o almoço dele para esquentar no microondas, mas Martim não entendeu nada do que ele falou e chegou em casa super chateado (além de morto de fome), dizendo que o rapaz havia ficado com o seu almoço... Resultado: até conseguirmos conversar com o instrutor e esclarecer tudo, pense num menino magoado!

Para mim, o trecho mais complicado foram os primeiros meses. Não lidei bem com o tanto que tínhamos para definir e resolver em tão pouco tempo. Arrumar casa, escola, carro e emprego, mais resolver as pendências restantes do Brasil e dar conta da rotina diária sem os apoios com os quais contávamos por lá (família, amigos, serviços, funcionários) foi... "um pouco demais" para mim.

Travei, e, por algum tempo, não conseguia fazer nada direito. As 24 horas do dia não rendiam nada e eu comecei a perder o sono e dormir demais. Ou melhor, não dormia bem e acordava sem querer levantar da cama. Não fosse por Roger, que objetiva e pragmaticamente atacava tudo que era pendência, não sei não...

O que eu quero dizer é que morar fora do país, assim como qualquer outra coisa na vida, não é sempre um mar de rosas (apesar das fotos serem ótimas!). E como toda grande mudança, também apresenta desafios, obstáculos e momentos difíceis.

O pessoal da imigração aqui tem um gráfico bem ilustrativo das fases de adaptação a uma nova cultura, em um novo país:
Settlement curve
Fonte: www.newzealandnow.govt.nz/living-in-nz/settling-in/stages-of-settling-in
Todo mundo passa pela fase de apreensão, inquietação e medo (fright). Alguns mais cedo, outros mais tarde, mas em algum momento todo mundo questiona se tomou a decisão certa. E pensa se não deveria voltar voando pra casa (flight).

Para lutar bem (fight) e não desistir no meio do caminho, tem três "armas" que ajudam pra caramba. A primeira são seus novos amigos. Os relacionamentos que você faz na nova terra. Não tem amigos ainda? Então aposto que essa é a razão principal do seu fright. Como diria Maslow, relacionamentos sociais são uma necessidade básica de qualquer ser humano. Logo que você chega isso não parece muito relevante, mas escute o que eu digo: não perca uma chance de fazer/fomentar suas novas amizades. Você vai precisar delas depois. Pode ser para uma conversa, dicas sobre a nova vida, ajuda em algo específico ou simplesmente para se sentir parte de um grupo, mas o fato é que sem elas é muito difícil chegar no fit, na parte laranjinha do gráfico aí em cima.

A segunda arma que você pode usar é lembrar porque decidiu mudar, as razões que o levaram a vir. Mas se você migrou porque buscava uma maior "qualidade de vida", faça o favor de pensar nos aspectos que definem qualidade de vida para você. Afinal, numa fase ruim a sua qualidade de vida em geral vai estar uma droga, não é? Melhor ponderar outros possíveis ganhos: segurança, educação, oportunidades profissionais? Cada um tem suas prioridades e lembrar o que você está ganhando (apesar de todo o resto) pode ajudar a vencer essa fase.

No nosso caso é uma beleza - já contei aqui que a nossa motivação inicial foi sair da zona de conforto. Não que seja divertido perceber o quão desconfortável você, seu parceiro ou seus filhotes estão, mas pelo menos podemos nos lembrar que isso é parte do jogo e que trará algum aprendizado e histórias para contar.

A terceira é uma arma dupla, e muito poderosa também: bom humor e otimismo. Rir das próprias mancadas e  manter um olhar confiante no futuro certamente ajudam a lidar com os desafios do presente. Às vezes não é fácil, mas, afinal, o que é? Para mim, ajuda imaginar como olharei para o momento presente daqui a 10 ou 20 anos. Que relevância ele terá? Como quero lembrar dele?

Se você migrou ou está pensando em migrar, vale a pena dar uma olhada lá na página de onde tirei o gráfico. Antecipar a bronca, o fright, ajuda a se preparar melhor para ele. Se já está passando por isso, e as armas acima não foram o suficiente para levantar o seu astral... Bem, aí vale fazer como Martim e também usar um pouco da boa "teimosia" mesmo.  ;-)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Oh mudança ingrata, chega tão depressa, só pra contrariar

Rapaz, até agora eu curti o Skype, Hangouts, Viber, Zapzap (WhatsApp)... Esses aplicativos realmente encurtam a distância e ajudam a gerenciar a saudade da família e amigos.

Em alguns momentos, podem até dar a sensação de que estamos presentes também, como quando acompanhamos o casamento de um dos sobrinhos de Roger através das fotos e comentários que os familiares postavam no Zapzap, em tempo real! E com a vantagem de não ter que esperar pela noiva dentro da igreja.  :-)

Mas o negócio é diferente quando se trata de notícias do Carnaval... Essa semana tive vontade de sair de todos os grupos em que estou, e olha que não faço parte de muitos grupos não... Uns 3 ligados a família e mais dois de amigos queridos e ex-colegas de trabalho. Mas todos eles, sem exceção, cheios de fotos, vídeos, sons, dicas e postagens sobre a folia!

É fácil esquecer o Carnaval aqui. As rádios não tocam frevo, as ruas não tem tirinhas penduradas nelas e você não vê ninguém fantasiado andando por aí. Aqui não tem Galo, nem Acho é Pouco, nem Estrela Bilhante e a biblioteca está comemorando o "Ano novo Lunar" e o "início do Ano do Carneiro". Alôô... Eles não sabem que a maior festa popular do mundo está acontecendo logo ali, em Recife e Olinda?!? *

* Perdoem-me os baianos, cariocas e outros brasileiros mais chegados ao Carnaval, mas pernambucano é bairrista mesmo! O melhor carnaval é o nosso e pronto!   :-)

Hunf! Eu nem posso dizer que sou uma dessas pessoas fanáticas por Carnaval, dessas que saem no sabádo e só voltam na quarta-feiras de cinzas (hã... Exceto talvez por uns 2 ou 3 anos - tá bem, 4, se contar o ano em que voltei só no sábado de cinzas!), mas o fato é que gosto da folia. Vestir uma fantasia, curtir as fantasias dos outros, quase derreter num calor de matar e tomar uma cerveja estonteantemente gelada... Seguir os blocos, ouvir os sons, deixar-se levar, fazer de conta que somos todos um só... Huumm, é, não posso negar, eu gosto do Carnaval.

Mesmo depois que os meninos nasceram, sempre dávamos um jeito de brincar um pouquinho, nem que fosse lá no Flor, o condomínio onde morávamos, com os vizinhos e suas crianças, ou numa beirinha de calçada do Recife Antigo... Pelo menos em um dos quatro dias de Momo a gente saía para brincar!






Carnaval no Flor da Mata, em Aldeia. Com Caio ainda bebê, foi uma benção ter tantos vizinhos foliões e com crianças pequenas também!






Essa minha saudade do Carnaval não é de hoje... Começou ano passado, antes mesmo da nossa mudança. É que devido a uma cirurgia de última hora, passei o Carnaval de 2014, assim como todas as maravilhosas prévias que o antecederam, no apê da minha mãe, de molho, resmungando e olhando um ou outro bloco das redondezas pela janela...

Mas o tempo passou e eu já nem lembrava mais disso tudo... Até, claro, a família e amigos começarem a postar todo tipo de "fermento de saudade" no Zapzap. Fiquei por dentro da programação, dos sons e até de uma ladainha-muito-da-chata da muriçoca (que foi até um bom remédio para a saudade! Rsrsrs). Mas o pior mesmo foram as fotos...

Papai e minha "boadrasta", no sábado de Zé Pereira

O Galo acordando...
... Pra brincar também!

Mucha Lucha




Minha irmã e o camarada que me apresentou ao carnaval de Olinda... Numa terça-feira! Sacanagem, né? É... Eu tinha uns 16, 17 anos e ele convenceu meus pais que era um programa completamente seguro e saudável! Em compensação, acho que o ano seguinte foi aquele em que a expressão "sabádo de cinzas" começou a fazer sentido... :-)

Quem é ele? El Tonelada, claro! Vai lá no Mucha Lucha ano que vem pra ver!





E essa é só uma pequena amostra do que circulou pelo zap nos últimos dias! É... Por mais que eu deteste o inverno aqui, estou começando a rever o conceito de que o melhor período para irmos ao Brasil é em Julho...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ahh, férias de verão!... :-)

Perdoem o sumiço, pessoal, mas com os garotos de férias e o tempo maravilhoso que fez aqui nas últimas semanas, as praias e parques ganharam uma súbita prioridade!  :-)

Este é o primeiro verão que passamos aqui - mudamos em abril e das outras duas vezes que viemos à Nova Zelândia, de férias, era primavera. Então, eu não sabia quão bom pode ser o início do ano por aqui! Ainda bem. Se soubesse, teria mudado antes.  :-)

O sol brilha quase o tempo todo, mas em geral anda acompanhado por uma bela brisa que aplaca o calor. A maioria das escolas primárias só reinicia as aulas em fevereiro, então a garotada conta com cerca de 6 semanas de férias neste período, para aproveitar o bom tempo! A maioria dos adultos também folga nas semanas do Natal e ano novo e como dessa vez a maioria incluiu Roger, :-)  nós aproveitamos para conhecer um pouquinho mais da Nova Zelândia.

Logo depois do Natal fomos para Ngunguru e Tutukaka, em Northland, a cerca de 2,5 horas de Auckland (mais ou menos 30 minutos a partir de Whangarei). A idéia original era passar alguns dias lá e depois montar nossa base em Paihia, mais ao norte, de onde poderíamos conhecer Bay of Islands, Waitangi (onde foi assinado o famoso tratado com os Maoris) e Cape Reinga (em uma excursão de um dia, pela Ninety Mile Beach). Sempre tive vontade de ir até Cape Reinga, ver o encontro do oceano Pacífico com o Mar da Tasmania e conhecer o local onde os espíritos dos Maoris partem para o Mundo dos Mortos, escorregando pelas raízes de uma pohutukawa com 800 anos de idade...

Nosso roteiro original
A parada em Tutukaka era basicamente para um mergulho nas Poor Knights Islands, um grupo de ilhas vulcânicas com cavernas, túneis e corais multicoloridos, que o Lonely Planet indica como um dos 10 melhores locais para mergulho do mundo!

Mas como só Roger tem carteirinha de mergulhador e eu também queria aproveitar um pouquinho, reservei nosso primeiro dia para o Perfect Day Ocean Cruise, um cruzeiro pelas Poor Knights Islands que deveria ser, como o nome indica, um "dia perfeito". Acontece que o tempo no dia do nosso cruzeiro não estava lá essas coisas e ninguém lembrou de combinar com Netuno um mar perfeito também... Resultado: ficamos perfeitamente enjoados durante os 30-60 minutos que o barco levou para chegar nas ilhas! Caio foi o único que escapou ileso. Quando o barco ancorou, ele vestiu o traje de mergulho sozinho, calçou as nadadeiras, colocou os óculos e ficou esperando pacientemente o bando de mareados se recuperarem para cair na água...

Martim, por outro lado, ficou tão mal que não queria nem se mexer, quanto mais entrar no mar. Vomitou horrores, demorou uma eternidade para se levantar e outro tanto para tomar coragem para um mergulho. Não o culpo... A água estava um gelo! Parecia saída daquela propaganda da cerveja "Gelaaaaaaaada", lembram? Felizmente ele melhorou antes do barco zarpar de volta à terra e graças a Deus a volta foi mais tranquila, sem tantas ondas e balanço.

O barco tinha um super buffet - sandubas, sopas, frutas... Mas, com exceção de Caio e seu estômago (aqui sim!) perfeito, ninguém comeu nada durante o passeio. Depois de um dia enjoando, vomitando e mergulhando naquela água gelaaaaaada, dá para imaginar porque a pizza que comemos num restaurante em terra firme ao voltarmos foi a melhor parte do nosso "dia perfeito", não é?

Eu já estava arrependida de ter inventado essa parada em Tutukaka, mas o dia seguinte me fez querer ficar por ali mais uma semana, pelo menos! Nós estávamos hospedados em um Bed and Breakfast encantador e o seu proprietário, Hilton, é apaixonado pela região. Conhece todas as praias e trilhas e nos levou em um passeio fabuloso pelas Abbey caves, umas cavernas cheias de glow-worms, uma espécie de tapuru bioluminescente que transforma o teto das cavernas em um céu estrelado!...

Explorando uma das cavernas
Nós provavelmente nunca levaríamos os garotos em um passeio desses sozinhos, mas com um guia como Hilton, a experiência foi fantástica! Fomos em 3 cavernas, atravessamos riachos subterraneos, escalamos as entradas e saídas (olha Martim aí embaixo, todo afoito, na entrada de uma das cavernas)

Pense num dia trabalhoso para o Anjo da Guarda dele!  :-)
e aproveitamos a bela caminhada pela região! O entorno das cavernas é lindo, cheio de flores e pedras em arranjos curiosos - um trono aqui, um pequeno castelo ali... Em alguns locais, parecia que estávamos andando pelo Condado dos hobbits (mas esse fica em Matamata, ao sul de Auckland! Kkkk) ou, para quem não curte o Senhor dos Anéis, por um cenário de conto de fadas!


Caminhada de uma caverna para a outra
Depois das cavernas fizemos um picnic bem pertinho das cachoeiras de Whangarei e voltamos para a pousada cheios de boas recordações...


No dia seguinte foi duro nos despedirmos de Hilton e Melva, os donos do Bed & Breakfast. Eles são simpaticíssimos, a comida é super gostosa (Melva usa alimentos de sua própria horta!) e a conversa é mais ainda... Quero voltar lá algum dia! :-)

Como eu falei, nosso plano original era continuar subindo até Bay of Islands, mas depois achamos que o tratado de Waitangi e Cape Reinga não seriam programas tão interessantes para os meninos e decidimos retornar para Auckland. Uma ótima decisão, ainda mais considerando que agora os famosos passeios de barco de Bay of Islands estavam fora de cogitação...

Na volta, aproveitamos para conhecer algumas praias da região: Matapouri e Whale Bay. Hilton havia me falado sobre Whale Bay, contado que era uma praia pequena e muito bonita, cercada por grandes pohutukawas, um must see da região. Mas nada do que ele disse realmente me preparou para o que encontramos lá.

Eu sou de Recife, Pernambuco. Viajei várias vezes pela costa do Nordeste. Conheço um pouquinho de Floripa e do Rio de Janeiro. Papai trabalhou um tempo em Fernando de Noronha e fui várias vezes lá, visitá-lo. Bom, o que eu quero dizer é que estou mais do que acostumada com belas praias! Na verdade, nunca achei que encontraria alguma tão encantadora quanto as nossas... Esse seria um dos preços a pagar por morar aqui. "Paciência", eu pensei quando decidimos vir. Quando voltar pro Brasil eu mato a saudade de uma Praia com "P" maiúsculo de verdade...

Bom, Whale Bay me fez rever esse (pré)conceito! Como Roger bem descreveu, ela está "no mesmo nível das praias de Noronha". A idéia era apenas darmos uma olhada e seguirmos para Auckland, mas a praia era tão convidativa que não teve jeito - os garotos transformaram as cuecas em sungas e caíram na água! E se eu não me segurasse, teria entrado com roupa e tudo também! :-)

Até hoje, quando falamos em ir para a praia, Caio pergunta: "É para Whale Bay, mãe?"
E eu penso com meus botões: "Quem me dera, filho, quem me dera..."