quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Oh mudança ingrata, chega tão depressa, só pra contrariar

Rapaz, até agora eu curti o Skype, Hangouts, Viber, Zapzap (WhatsApp)... Esses aplicativos realmente encurtam a distância e ajudam a gerenciar a saudade da família e amigos.

Em alguns momentos, podem até dar a sensação de que estamos presentes também, como quando acompanhamos o casamento de um dos sobrinhos de Roger através das fotos e comentários que os familiares postavam no Zapzap, em tempo real! E com a vantagem de não ter que esperar pela noiva dentro da igreja.  :-)

Mas o negócio é diferente quando se trata de notícias do Carnaval... Essa semana tive vontade de sair de todos os grupos em que estou, e olha que não faço parte de muitos grupos não... Uns 3 ligados a família e mais dois de amigos queridos e ex-colegas de trabalho. Mas todos eles, sem exceção, cheios de fotos, vídeos, sons, dicas e postagens sobre a folia!

É fácil esquecer o Carnaval aqui. As rádios não tocam frevo, as ruas não tem tirinhas penduradas nelas e você não vê ninguém fantasiado andando por aí. Aqui não tem Galo, nem Acho é Pouco, nem Estrela Bilhante e a biblioteca está comemorando o "Ano novo Lunar" e o "início do Ano do Carneiro". Alôô... Eles não sabem que a maior festa popular do mundo está acontecendo logo ali, em Recife e Olinda?!? *

* Perdoem-me os baianos, cariocas e outros brasileiros mais chegados ao Carnaval, mas pernambucano é bairrista mesmo! O melhor carnaval é o nosso e pronto!   :-)

Hunf! Eu nem posso dizer que sou uma dessas pessoas fanáticas por Carnaval, dessas que saem no sabádo e só voltam na quarta-feiras de cinzas (hã... Exceto talvez por uns 2 ou 3 anos - tá bem, 4, se contar o ano em que voltei só no sábado de cinzas!), mas o fato é que gosto da folia. Vestir uma fantasia, curtir as fantasias dos outros, quase derreter num calor de matar e tomar uma cerveja estonteantemente gelada... Seguir os blocos, ouvir os sons, deixar-se levar, fazer de conta que somos todos um só... Huumm, é, não posso negar, eu gosto do Carnaval.

Mesmo depois que os meninos nasceram, sempre dávamos um jeito de brincar um pouquinho, nem que fosse lá no Flor, o condomínio onde morávamos, com os vizinhos e suas crianças, ou numa beirinha de calçada do Recife Antigo... Pelo menos em um dos quatro dias de Momo a gente saía para brincar!






Carnaval no Flor da Mata, em Aldeia. Com Caio ainda bebê, foi uma benção ter tantos vizinhos foliões e com crianças pequenas também!






Essa minha saudade do Carnaval não é de hoje... Começou ano passado, antes mesmo da nossa mudança. É que devido a uma cirurgia de última hora, passei o Carnaval de 2014, assim como todas as maravilhosas prévias que o antecederam, no apê da minha mãe, de molho, resmungando e olhando um ou outro bloco das redondezas pela janela...

Mas o tempo passou e eu já nem lembrava mais disso tudo... Até, claro, a família e amigos começarem a postar todo tipo de "fermento de saudade" no Zapzap. Fiquei por dentro da programação, dos sons e até de uma ladainha-muito-da-chata da muriçoca (que foi até um bom remédio para a saudade! Rsrsrs). Mas o pior mesmo foram as fotos...

Papai e minha "boadrasta", no sábado de Zé Pereira

O Galo acordando...
... Pra brincar também!

Mucha Lucha




Minha irmã e o camarada que me apresentou ao carnaval de Olinda... Numa terça-feira! Sacanagem, né? É... Eu tinha uns 16, 17 anos e ele convenceu meus pais que era um programa completamente seguro e saudável! Em compensação, acho que o ano seguinte foi aquele em que a expressão "sabádo de cinzas" começou a fazer sentido... :-)

Quem é ele? El Tonelada, claro! Vai lá no Mucha Lucha ano que vem pra ver!





E essa é só uma pequena amostra do que circulou pelo zap nos últimos dias! É... Por mais que eu deteste o inverno aqui, estou começando a rever o conceito de que o melhor período para irmos ao Brasil é em Julho...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ahh, férias de verão!... :-)

Perdoem o sumiço, pessoal, mas com os garotos de férias e o tempo maravilhoso que fez aqui nas últimas semanas, as praias e parques ganharam uma súbita prioridade!  :-)

Este é o primeiro verão que passamos aqui - mudamos em abril e das outras duas vezes que viemos à Nova Zelândia, de férias, era primavera. Então, eu não sabia quão bom pode ser o início do ano por aqui! Ainda bem. Se soubesse, teria mudado antes.  :-)

O sol brilha quase o tempo todo, mas em geral anda acompanhado por uma bela brisa que aplaca o calor. A maioria das escolas primárias só reinicia as aulas em fevereiro, então a garotada conta com cerca de 6 semanas de férias neste período, para aproveitar o bom tempo! A maioria dos adultos também folga nas semanas do Natal e ano novo e como dessa vez a maioria incluiu Roger, :-)  nós aproveitamos para conhecer um pouquinho mais da Nova Zelândia.

Logo depois do Natal fomos para Ngunguru e Tutukaka, em Northland, a cerca de 2,5 horas de Auckland (mais ou menos 30 minutos a partir de Whangarei). A idéia original era passar alguns dias lá e depois montar nossa base em Paihia, mais ao norte, de onde poderíamos conhecer Bay of Islands, Waitangi (onde foi assinado o famoso tratado com os Maoris) e Cape Reinga (em uma excursão de um dia, pela Ninety Mile Beach). Sempre tive vontade de ir até Cape Reinga, ver o encontro do oceano Pacífico com o Mar da Tasmania e conhecer o local onde os espíritos dos Maoris partem para o Mundo dos Mortos, escorregando pelas raízes de uma pohutukawa com 800 anos de idade...

Nosso roteiro original
A parada em Tutukaka era basicamente para um mergulho nas Poor Knights Islands, um grupo de ilhas vulcânicas com cavernas, túneis e corais multicoloridos, que o Lonely Planet indica como um dos 10 melhores locais para mergulho do mundo!

Mas como só Roger tem carteirinha de mergulhador e eu também queria aproveitar um pouquinho, reservei nosso primeiro dia para o Perfect Day Ocean Cruise, um cruzeiro pelas Poor Knights Islands que deveria ser, como o nome indica, um "dia perfeito". Acontece que o tempo no dia do nosso cruzeiro não estava lá essas coisas e ninguém lembrou de combinar com Netuno um mar perfeito também... Resultado: ficamos perfeitamente enjoados durante os 30-60 minutos que o barco levou para chegar nas ilhas! Caio foi o único que escapou ileso. Quando o barco ancorou, ele vestiu o traje de mergulho sozinho, calçou as nadadeiras, colocou os óculos e ficou esperando pacientemente o bando de mareados se recuperarem para cair na água...

Martim, por outro lado, ficou tão mal que não queria nem se mexer, quanto mais entrar no mar. Vomitou horrores, demorou uma eternidade para se levantar e outro tanto para tomar coragem para um mergulho. Não o culpo... A água estava um gelo! Parecia saída daquela propaganda da cerveja "Gelaaaaaaaada", lembram? Felizmente ele melhorou antes do barco zarpar de volta à terra e graças a Deus a volta foi mais tranquila, sem tantas ondas e balanço.

O barco tinha um super buffet - sandubas, sopas, frutas... Mas, com exceção de Caio e seu estômago (aqui sim!) perfeito, ninguém comeu nada durante o passeio. Depois de um dia enjoando, vomitando e mergulhando naquela água gelaaaaaada, dá para imaginar porque a pizza que comemos num restaurante em terra firme ao voltarmos foi a melhor parte do nosso "dia perfeito", não é?

Eu já estava arrependida de ter inventado essa parada em Tutukaka, mas o dia seguinte me fez querer ficar por ali mais uma semana, pelo menos! Nós estávamos hospedados em um Bed and Breakfast encantador e o seu proprietário, Hilton, é apaixonado pela região. Conhece todas as praias e trilhas e nos levou em um passeio fabuloso pelas Abbey caves, umas cavernas cheias de glow-worms, uma espécie de tapuru bioluminescente que transforma o teto das cavernas em um céu estrelado!...

Explorando uma das cavernas
Nós provavelmente nunca levaríamos os garotos em um passeio desses sozinhos, mas com um guia como Hilton, a experiência foi fantástica! Fomos em 3 cavernas, atravessamos riachos subterraneos, escalamos as entradas e saídas (olha Martim aí embaixo, todo afoito, na entrada de uma das cavernas)

Pense num dia trabalhoso para o Anjo da Guarda dele!  :-)
e aproveitamos a bela caminhada pela região! O entorno das cavernas é lindo, cheio de flores e pedras em arranjos curiosos - um trono aqui, um pequeno castelo ali... Em alguns locais, parecia que estávamos andando pelo Condado dos hobbits (mas esse fica em Matamata, ao sul de Auckland! Kkkk) ou, para quem não curte o Senhor dos Anéis, por um cenário de conto de fadas!


Caminhada de uma caverna para a outra
Depois das cavernas fizemos um picnic bem pertinho das cachoeiras de Whangarei e voltamos para a pousada cheios de boas recordações...


No dia seguinte foi duro nos despedirmos de Hilton e Melva, os donos do Bed & Breakfast. Eles são simpaticíssimos, a comida é super gostosa (Melva usa alimentos de sua própria horta!) e a conversa é mais ainda... Quero voltar lá algum dia! :-)

Como eu falei, nosso plano original era continuar subindo até Bay of Islands, mas depois achamos que o tratado de Waitangi e Cape Reinga não seriam programas tão interessantes para os meninos e decidimos retornar para Auckland. Uma ótima decisão, ainda mais considerando que agora os famosos passeios de barco de Bay of Islands estavam fora de cogitação...

Na volta, aproveitamos para conhecer algumas praias da região: Matapouri e Whale Bay. Hilton havia me falado sobre Whale Bay, contado que era uma praia pequena e muito bonita, cercada por grandes pohutukawas, um must see da região. Mas nada do que ele disse realmente me preparou para o que encontramos lá.

Eu sou de Recife, Pernambuco. Viajei várias vezes pela costa do Nordeste. Conheço um pouquinho de Floripa e do Rio de Janeiro. Papai trabalhou um tempo em Fernando de Noronha e fui várias vezes lá, visitá-lo. Bom, o que eu quero dizer é que estou mais do que acostumada com belas praias! Na verdade, nunca achei que encontraria alguma tão encantadora quanto as nossas... Esse seria um dos preços a pagar por morar aqui. "Paciência", eu pensei quando decidimos vir. Quando voltar pro Brasil eu mato a saudade de uma Praia com "P" maiúsculo de verdade...

Bom, Whale Bay me fez rever esse (pré)conceito! Como Roger bem descreveu, ela está "no mesmo nível das praias de Noronha". A idéia era apenas darmos uma olhada e seguirmos para Auckland, mas a praia era tão convidativa que não teve jeito - os garotos transformaram as cuecas em sungas e caíram na água! E se eu não me segurasse, teria entrado com roupa e tudo também! :-)

Até hoje, quando falamos em ir para a praia, Caio pergunta: "É para Whale Bay, mãe?"
E eu penso com meus botões: "Quem me dera, filho, quem me dera..."