Semana passada
eu estava lendo uns livrinhos da escola dos meninos e, de repente, percebi que
minha pronuncia melhorou! Parece bobagem, né? Mas para mim foi muito significativo,
depois de seis meses morando aqui, finalmente notar uma melhora no meu inglês. Não
é que eu já esteja super fluente ou satisfeita com o meu listening (longe disso!), mas começo a me sentir mais confortável
com a língua.
É verdade que leio bem em inglês já há bastante tempo e, com a ajuda do Google e dos corretores ortográficos,
minha habilidade de escrita também é boa. Mas meu listening e speaking, por outro lado... Eram o
suficiente para interações ocasionais de trabalho, conferências e turismo, mas
não para encarar o país com inglês falado mais rápido do mundo! Isso sem
mencionar o vowel shift dos kiwis, uma mudança na maneira como eles pronunciam as vogais que faz, por exemplo,
bed (cama) soar como
bid (lance, proposta de preço).
A gota d’água
foi quando meu contato mais legal para trabalho me chamou para um café. Ele era
inglês, não tinha o sotaque dos kiwis e também não falava tão rápido, mas mesmo
assim eu entendi muito pouco da nossa conversa... Tudo bem, fazia apenas 2
meses que havíamos chegado e eu estava meio tensa porque era meu primeiro
contato profissional, mas, desculpas a parte, foi terrível constatar que eu não conseguia me comunicar direito...
Nós sabíamos que entender os kiwis podia ser bem difícil, descobrimos isso quando viemos aqui no ano passado. Ainda lembro de alguns telefonemas que precisei dar... Um pesadelo! Era quase impossível saber o que eles
falavam por telefone! E, para completar, muitas vezes eu também não conseguia me fazia entender
e precisava ficar repetindo o que queria dizer para me comunicar...
Então, partindo da experiência prévia, eu sabia que essa questão da língua não seria fácil. Mas o que eu não sabia era o quão desesperador ela
poderia ser! É difícil
descrever o que você sente quando a habilidade de se comunicar plenamente é abalada...
Para mim foi frustrante, deprimente. Afetou minha capacidade de sentir-me humana, de sentir-me parte integrante da sociedade.
Procurei,
em vão, por uma palavra que pudesse descrever essa sensação... Mas até agora a
melhor palavra que consegui é, ironicamente, da língua inglesa - foi uma
americana, que trabalha no jardim de infância que Caio frequentou, quem me ajudou
a encontrá-la: hopeless (sem
esperança). Quando não consigo me comunicar, eu me sinto hopeless. :-(
E nessa
hora, em que a sensação de estar “sem esperança” pesa, os amigos contam. Não só
pelas histórias que eles compartilham, sobre como passaram pela mesma situação e
eventualmente deram a volta por cima, mas, principalmente, pelo “vínculo com
a humanidade” que proporcionam.
No entanto,
quem me deu a maior força de todas nessas horas foi meu filho mais velho. É que
ele sempre foi tão corajoso e confiante com relação ao inglês! Teve lá suas
dificuldades, é verdade (e ainda vou compartilhar um pouco disso com vocês!), mas sempre
manteve uma postura autoconfiante e positiva a respeito disso. Ao voltar para o
Brasil após 1 mês de férias aqui no ano passado, ele costumava dizer que já
havia aprendido inglês. As avós perguntavam para ele se iria aprender inglês quando
mudássemos para cá e ele respondia: “Eu já sei, vó; eu já falo inglês”.
Quando chegamos,
em abril deste ano, a única frase que ele de fato falava era um genérico “Oh,
boy!”, o qual, mudando a entonação, usava em todo tipo de contexto. E talvez seja essa a chave para o sucesso com a nova língua: interagir o máximo
possível e sempre manter a confiança em sua capacidade de comunicação. Mesmo que isso não signifique, necessariamente, ser fluente no inglês. :-)