segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Fush and Chups

Semana passada eu estava lendo uns livrinhos da escola dos meninos e, de repente, percebi que minha pronuncia melhorou! Parece bobagem, né? Mas para mim foi muito significativo, depois de seis meses morando aqui, finalmente notar uma melhora no meu inglês. Não é que eu já esteja super fluente ou satisfeita com o meu listening (longe disso!), mas começo a me sentir mais confortável com a língua.

É verdade que leio bem em inglês já há bastante tempo e, com a ajuda do Google e dos corretores ortográficos, minha habilidade de escrita também é boa.  Mas meu listening e speaking, por outro lado... Eram o suficiente para interações ocasionais de trabalho, conferências e turismo, mas não para encarar o país com inglês falado mais rápido do mundo! Isso sem mencionar o vowel shift dos kiwis, uma mudança na maneira como eles pronunciam as vogais que faz, por exemplo, bed (cama) soar como bid (lance, proposta de preço).

A gota d’água foi quando meu contato mais legal para trabalho me chamou para um café. Ele era inglês, não tinha o sotaque dos kiwis e também não falava tão rápido, mas mesmo assim eu entendi muito pouco da nossa conversa... Tudo bem, fazia apenas 2 meses que havíamos chegado e eu estava meio tensa porque era meu primeiro contato profissional, mas, desculpas a parte, foi terrível constatar que eu não conseguia me comunicar direito...

Nós sabíamos que entender os kiwis podia ser bem difícil, descobrimos isso quando viemos aqui no ano passado. Ainda lembro de alguns telefonemas que precisei dar... Um pesadelo! Era quase impossível saber o que eles falavam por telefone! E, para completar, muitas vezes eu também não conseguia me fazia entender e precisava ficar repetindo o que queria dizer para me comunicar... 

Então, partindo da experiência prévia, eu sabia que essa questão da língua não seria fácil. Mas o que eu não sabia era o quão desesperador ela poderia ser! É difícil descrever o que você sente quando a habilidade de se comunicar plenamente é abalada... Para mim foi frustrante, deprimente. Afetou minha capacidade de sentir-me humana, de sentir-me parte integrante da sociedade

Procurei, em vão, por uma palavra que pudesse descrever essa sensação... Mas até agora a melhor palavra que consegui é, ironicamente, da língua inglesa - foi uma americana, que trabalha no jardim de infância que Caio frequentou, quem me ajudou a encontrá-la: hopeless (sem esperança). Quando não consigo me comunicar, eu me sinto hopeless.  :-(

E nessa hora, em que a sensação de estar “sem esperança” pesa, os amigos contam. Não só pelas histórias que eles compartilham, sobre como passaram pela mesma situação e eventualmente deram a volta por cima, mas, principalmente, pelo “vínculo com a humanidade” que proporcionam.

No entanto, quem me deu a maior força de todas nessas horas foi meu filho mais velho. É que ele sempre foi tão corajoso e confiante com relação ao inglês! Teve lá suas dificuldades, é verdade (e ainda vou compartilhar um pouco disso com vocês!), mas sempre manteve uma postura autoconfiante e positiva a respeito disso. Ao voltar para o Brasil após 1 mês de férias aqui no ano passado, ele costumava dizer que já havia aprendido inglês. As avós perguntavam para ele se iria aprender inglês quando mudássemos para cá e ele respondia: “Eu já sei, vó; eu falo inglês”.

Quando chegamos, em abril deste ano, a única frase que ele de fato falava era um genérico “Oh, boy!”, o qual, mudando a entonação, usava em todo tipo de contexto. E talvez seja essa a chave para o sucesso com a nova língua: interagir o máximo possível e sempre manter a confiança em sua capacidade de comunicação. Mesmo que isso não signifique, necessariamente, ser fluente no inglês.  :-)

3 comentários:

  1. Oi Prima adorei o texto ... Escrevi até um comentário e como sempre eu faço publico não sei como que sai tudo errado ... kkkkkkk

    Adorei a do teu filho ... Oh, boy é muito legal ....

    Muito legal mesmo ...

    Bjao para todos ai !!!

    ResponderExcluir
  2. Andreia! Quanto tempo!!!
    Ricardo comentou que você havia começado o seu blog.
    E após ler todos os posts, simplesmente adorei!!!!!!!!!!!!
    Estou aqui escrevendo e enchugando as lágrimas...
    Vivi todas as experiências junto com vocês!
    Já estou louca para saber as cenas do próximo capítulo!!!
    Forte abraço para os quatro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Karina! Quanto tempo...
      Bom que você gostou! E melhor ainda que me contou isso! ;-)
      Quando leio as mensagens, é como se estivesse um pouquinho com vocês, matando a saudade... :-)

      Excluir