É, eu
sei, para se sentir assim com alguém em geral leva algum tempo – é preciso
antes conhecer, adquirir confiança, familiarizar-se. É preciso gostar do jeito dela,
afinar-se com o seu ritmo, entrar em uma espécie de equilíbrio com aquela
pessoa.
Bom, acho que isso acontece com as cidades também.
As cidades têm personalidades próprias, têm um ritmo, uma aura. E, se você se
integra com elas, estar ali é estar em
casa.
Eu tinha uma relação assim com minha cidade
natal, Recife. Adorava a vista do mar, amava os rios e as pontes! Ganhava o dia
quando podia ir de Boa Viagem para a Av. Agamenon Magalhães pela beira-mar e seguia
pela Ponte José de Barros Lima, abria o vidro do carro e escutava o sussurro
dos pilares da ponte ao passar!
Depois Recife cresceu demais e eu perdi um pouco dessa ligação fraternal com ela... Mas Roger e eu encontramos Aldeia e após um tempinho morando lá, subir a PE-027 (Estrada de Aldeia) era como abrir o portão de casa...
Por isso admiro as pessoas que se dispõem a mudar para uma cidade sem nunca ter ido lá antes – recebem uma proposta de trabalho pela internet, arrumam as malas e vão. Acho que eu nunca teria coragem! Sou do tipo que precisa ver, ouvir, sentir o cheiro do lugar. Saber que será possível entrar em sintonia com a cidade. Pois existem lugares com os quais é fácil fazer isso e outros que exigem um pouco mais de trabalho, tempo, dedicação. E existem ainda aqueles nos quais eu não gostaria de morar de jeito nenhum!
Auckland? Bem, era um lugar neutro para mim... Por isso o seu abraço caloroso me supreendeu! Lembro um dia que andava meio chateada sei lá com quê e passamos pela ponte Harbour... Aquela vista foi como um colo amigo – do outro lado da ponte eu já me sentia um pouco melhor! :-)
Mas confesso que a cidade, e toda a afinidade que podemos ou não ter com ela, é só um lado da moeda. O outro lado são as pessoas que nos acompanham ou que conhecemos por lá. Como diz uma querida amiga (que preferiu escrever por email!), “a nossa casa é onde estão as pessoas que a gente mais ama”. E eu tenho a sorte de trazer parte considerável da minha casa comigo...
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